terça-feira, 5 de julho de 2011

Dämmerung: o fim do capitalismo


Outro dia retwittei Leonardo Boff. Li muito (quase tudo) e admiro o pessoal da assim chamada Teologia da Libertação. Principalmente os puros: Frei Beto, Dom Pedro Casaldáglia, Leonardo Boff. Mas hoje, 30 anos depois, certas afirmações perderam muito o seu sentido.

No artigo (leia aqui), Boff repete Karl Marx em sua profecia do Apocalipse do Capitalismo. A crise atual não é conjuntural, nem estrutural, é do modelo, e conduzirá à morte do Capitalismo.

A afirmação é anacrônica e sem sentido, em especial do ponto de vista da metodologia científica, já que não é uma afirmação passível de verificação.

Entretanto, Boff está correto ao tocar em um ponto que creio relevante: o esgotamento dos recursos naturais por uma economia cuja lógica se assenta sobre a premissa de que os recursos naturais são ilimiados. Não pode haver surpresa nas recentes imagens da devastação de Rondônia (veja aqui). A lógica do modelo é a devastação. Crescimento econômico a todo custo. Custo ecológico é futuro e não atinge a contabilidade de hoje!

Como seria um capitalismo em que o limite do planeta fizesse parte intrínseca do modelo? Neste caso, seria possível "crescimento econômico"? Ou seria viável um capitalismo de crescimento zero, juro zero, lucro zero?

Na sua elaboração, algumas variáveis precisam ser controladas. Uma delas, seguramente, é o crescimento demográfico. Seremos 9 bilhões de pessoas em 2050. O planeta não aguenta! Outra é a emissão de carbono. As duas variáveis devem ser zero!

 É possível o capitalismo conviver com este "constraint", com esta condição de contorno inevitável? Neste contexto, o conceito de "liberdades democráticas" sobreviveria? Leonardo Boff acredita que não por isto a sua insistência na profecia marxista e a desconsideração sistemática de alguns fatos óbvios. O maior deles, ao qual o pensamento de Leonardo Boff parece imune, é a morte do comunismo. A China, pós-Mao Tsé Tung, o único país comunista restante no planeta, adota o comunismo apenas na política e na represão às liberdades democráticas. A economia é capitalista e cruel.

Mas, apesar deste enorme deslize, talvez Boff tenha razão: não há saída. O capitalismo, inevitável, não é e não será capaz de tratar a questão do meio ambiente por uma questão intrínseca de valores e modelo de sociedade.

Pobre planeta azul!

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