domingo, 18 de setembro de 2011

Greve e qualidade de ensino


Saiu o resultado do ENEM com enorme alarde na imprensa. Um dado foi exaustivamente divulgado:

"No grupo principal, com mais de 75% de participação, o "top 100" é formado por 87 escolas particulares e 13 públicas." -  http://g1.globo.com/

Ensino público ruim, vamos privatizar. Correto?

Vamos olhar outro índice...

O Índice Geral de Cursos (http://inep.gov.br/web/guest/indice-geral-de-cursos) é uma avaliação global das universidades do País, que envolve a Graduação e a Pós-Graduação. Por definição, missão de uma Universidade.

Nenhuma Universidade privada está entre as 10 melhores do País.
Apenas 35% de universidades privadas entre as 100 melhores.
Mas, se diferenciarmos as universidade privadas em universidade confessionais/comunitárias (como as PUCs, Mackenzie, Unisinos dos Jesuítas, etc...) das universidade privadas realmente comerciais, teremos apenas duas honrosas representantes entre as top 100:  a Universidade Veiga de Almeida (68a.) e a Universidade do Grupo Positivo (73a.).

Com menos alarde na imprensa, nesta semana a justiça de Minas rasgou a Constituição do País e decretou ilegal a greve dos professores da rede pública estadual. Alegação: greve abusiva, seja lá o que o eminente (sic) desembargador Roney Oliveira, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais entenda por este conceito.


Tenho repetido em diversas oportunidades minha visão sobre o assunto: A questão da qualidade do ensino público é uma questão de salário dos professores e investimento em infraestrutura. Nos anos anos 60/70 não existiam índices. Mas, todos, que estudamos nesta época, temos na memória a avaliação de que as melhores escolas eram públicas. Colégio Estadual Central e Colégio Municipal Marconi em BH eram exemplares, para ficar em dois exemplos de casa. A deteriorização do ensino público iniciou-se em fins da década de 70. Por um lado, foram feitos esforços de universalização do acesso, por outro, a corrosão salarial esvaziou as escolas de seus melhores professores e/ou não atraiu os novos.

A Universidade de Lavras, onde eu trabalho, está classificada em terceiro lugar no País e primeira em Minas. O Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa é o melhor índice do ENEM entre as escolas públicas. No interior de Minas, a demonstração de que qualidade de ensino é uma questão de investimento.

Se  governo quizer pode fazer o mesmo com a escola pública também. Mas... vai levar anos, pois teremos de atrair e motivar jovens para a licenciatura. É muito fácil destruir a qualidade do ensino. Quero ver o custo da reconstrução!

Nenhum comentário: