domingo, 19 de agosto de 2012

Ecological fallacy aplicada à educação


Medir é o sonho de todo pesquisador. Mesmo na área de Ciências exatas, um número puro não diz nada. Imagine na pesquisa em educação!

O IDEB foi publicado esta semana. As planilhas disponibilizadas pelo MEC podem ser verificadas aqui. Mas, uma consulta por municípios pode ser realizada de forma mais interessante no Portal do IDEB da Meritt.


Uma idéia mirabolante é defendida por Gustavo Ioschpe e Revista Veja: afixar o IDEB na entrada de cada escola no País. Veja a polêmica aqui.

Para além da discussão jurídica, vale ressaltar a questão metodológica: o IDEB é um índice muito importante, mas não estabelece uma avaliação confiável da escola e seu desempenho. É uma síntese geral de desenvolvimento sócio-econômico-cultural que carrega em seu interior diversos fatores que fogem ao controle escola e de seus agentes.

Este fenômeno é conhecido desde os anos 50, quando Robinson  definindo o termo Ecological Fallacy mostrou como as generalizações podem viciar irremediavelmente uma análise. Mas parece que continua desconhecido da maioria dos "especialistas em educação". Veja por exemplo aqui.

Trocando em miúdos: para a análise da eficiência de uma escola é mais importante olhar o valor que uma determinada escola agrega a "alunos semelhantes", conhecido como "valor agregado pela escola", do que o valor numérico do desempenho médio dos seus alunos.

Isto se deve à necessidade de se levar em consideração as diferenças das condições sócio-econômica-culturais de diferentes escolas. Diversos estudos têm ressaltado como o ambiente familiar possui uma relevância crucial para o desempenho escolar do aluno. Assim, escolas de tempo integral, com infraestrutura e qualidade docente, talvez seja a única solução para avanços no acesso a educação num País tão desigual quanto o Brasil.

Para ler:

MAY et al.; The Ecological Fallacy in Comparative and International Education Research: Discovering More From TIMSS Through Multilevel Modeling

Robinson, W. S. (1950). Ecological Correlations and the Behavior of Individuals.
American Sociological Review, 15, pp. 351-357.

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