quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Companheiro...



Companheiro,


tenho saudades de um tempo em que éramos amigos,
em que éramos felizes, em que a vida era lúdica
e plena de possibilidades.

Tenho saudades do tempo em que sonhávamos com a
construção da verdade, com a justiça social,
com a abolição de tudo aquilo que nos oprimia.
Sonhávamos com a derrocada da ditadura militar,
com a vitória sobre  a alienação, sobre a corrupção e o cinismo de Maluf,
a experteza de Toninho Malvadeza, a calhordice de Abi-Ackel, a ignorância de Fiqueiredo e a brutalidade de Garastazú Médici.

Quando, na luta de todos estes anos, perdemos nossa capacidade de sonhar?
Quando foi que passamos a ser condescentes com a corrupção, passamos
a relativizar nossos valores sagrados, valores que aprendemos com nossos pais?
Quando foi que tomamos o partido da mentira e da safadeza
e passamos a rir dos que, como nós um dia, hoje sonham com
a construção da verdade, com a justiça, com a derrubada dos que hoje, no poder, nos traíram e usam o poder para oprimir e se enriquecer?

Quando foi que nossa visão se embotou e nos tornou tão difícil
enxergar a sutil diferença entre a luta por um ideal e o
guerrear pelo poder?

Querido companheiro, quando foi mesmo que nos tornamos cínicos?

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