sábado, 24 de dezembro de 2016

Feliz 2037!

Com a PEC, melhor passar direto...


2016 foi um ano tacanho.
Fomos derrotados pela mentira.

Foi o ano em que a Constituição Cidadã,
do velho Ulysses Guimarães foi revogada.
Construir uma sociedade justa e igualitária não é mais um norte.
Saúde e Educação não serão mais prioridade neste País.
A razão legal foi outra, mas a causa eficiente da cassação da presidente Dilma foi a corrupção em seu partido. Temer participou diretamente na extorsão de 10 milhões de dólares e permanece impune, por que convém às elites dirigentes.
Por certo, o governo Temer, por enquanto, é legal, mas claramente não é legítimo.
E certamente não tem o apoio necessário para fundamentar este afã de  alterações da constituição.  Sim, foi o ano em que a Constituição foi banalizada, pelo governo, pelo STF, por Renan.
Foi o ano dos caudilhos do Congresso. Cunha caiu, mas Renan zombou de nossa cara.

Pós-verdade é o que se vive no País.
A mentira é repetida tão veementemente
que todos se esquecem de suas inverdades.
Cortar gastos do governo é necessário, sim,
asfixiar o Estado e mentir em nossa cara não.

A reforma do Ensino Médio carece ainda de explicações
sobre sua fonte de financiamento. Talvez por isto, somente
uma coisa seja certa: o governo Temer vai investir em marketing,
vai repetir à exaustão as propagandas do MEC,
jovens sorridentes fazendo escolha de um currículo que não tem professor,
para esconder a realidade: não se constrói uma escola de tempo integral
sem investimentos, sem a valorização do professor.

Durante os próximos 30 anos, eu garanto,
a toda revelação de dados do PISA a imprensa fará
o alarde: "nossa educação piorou".

Duas são, a meu ver as razões da catástrofe educacional brasileira.
Culturalmente, o País valoriza o non-sense, a não-escolaridade.
Da filha do açougueiro que diz não querer fazer curso superior,
pois o pai venceu na vida com o curso primário, à
imprensa que se nega a ouvir a Universidade sobre as questões
em que ela se debruça em investigações e estudos.
Todos ingenuamente acreditam na inteligência de um "jeitinho"
que não possuimos nem mesmo no futebol. 

A desvalorização do estudo e da racionalidade  é uma marca da sociedade brasileira.
Em todas as suas camadas sociais.
Assim, não se enxerga a catástrofe de se acabar com a Universidade Pública, o único espaço de pesquisa científica e tecnológica do País.
Para que eu não seja mal interpretado:  pesquisa em gestão são realizadas em instituições privadas e públicas, mas pesquisa científica e tecnológica no País ocorre exclusivamente em instituições públicas, principalmente nas Universidade públicas, com a honrosa exceção das Universidade Confessionais, cujo caráter público é evidente.

Universidades e Faculdades privadas são inteiramente voltadas à reprodução do conhecimento e não à sua produção.

A outra razão está na ausência de uma política pública de formação docente coerente e sustentável. O PIBID, o maior programa de formação de educadores que o País já implementou, está em seu último mês de funcionamento. Um programa que trazia em seu bojo a única possibilidade de avanço na Educação no País, está sendo desativado. Veja, a questão é simples. O PIBID traz em sua concepção, a construção coletiva do conhecimento entre, o licenciando em formação, o professor em exercício na escola pública e o pesquisador universitário. Desta sinergia nasce a maior revolução na formação de professores já ocorrida no País. E isto pode ser constatado em seus resultados.   Nas últimas seleções de mestrado em Ensino de Física temos  dados objetivos do avanço e do valor agregado pelo programa à formação dos professores de Física. 

O que salva o meu ano, são as realizações pessoais.
Terminando o ano com um lindo artigo publicado na Physics Education, uma bela dissertação de mestrado orientada com sucesso, um projeto de mestrado em Ensino de Ciências em tramitação na UFLA e os primeiros meses de chefia departamental repletos de desafios, minha vida acadêmica segue seu curso. As vitórias de minha filha em Londres e de minha filha em Ribeirão Preto me enchem de orgulho. Meu caçulinha aprendeu a andar e deu os primeiros passos na aquisição da fala. Só felicidade!

Foi um ano tacanho, em que a felicidade ficou por conta dos que me são mais caros! Feliz 2037 a todos!




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